Estabilidade x Incentivo Público

A idéia do presidente Lula em tentar fazer uma troca entre estabilidade para os empregados por maiores incentivos públicos é interessante, já que nada de maior interesse público do que manter o maior número de pessoas trabalhando. Porém, ele esbarra num grande problema da atualidade: assim como nos encontramos numa grande entressafra de lideranças para o setor público, ocorre o mesmo problema na área privada. Atualmente as lideranças dos grandes grupos econômicos, não só do Brasil onde o problema é crônico, mas também mundialmente, sofrem de limitada visão em relação ao papel social que suas empresas desempenham. Atualmente na visão destes líderes não importa o bem ou serviço entregue ao cliente, muito menos o bem estar e desenvolvimento de seus empregados e menos ainda o impacto ambiental que é intrínseco a sua atividade econômica. Para eles a única função da empresa moderna é gerar dividendos para seus acionistas, como se os acionistas não vivessem conosco no mesmo planeta e boa parte deles não fossem os próprios empregados que trabalham para eles. Essa visão simplista tem sido a raiz dos grandes problemas que estamos enfrentando (guerras, aquecimento global, crise econômica, etc). Ou seja, enquanto não passarmos por esta fase de vácuo de personalidades que possam realmente ser chamadas de líderes na acepção correta da palavra, e não na vendida nos livros de auto-ajuda, pelo menos deveríamos tentar fazer com que estas pessoas tivessem uma visão mais abrangente, entendendo que tudo está interligado. Demitir empregados agora, utilizando-se da desculpa bem razoável da crise econômica, esconde por trás processos internos que iriam ser feitos de uma forma ou de outra onde o objetivo principal é a busca do lucro pelo lucro. Entretanto, parando um instante para observarmos com mais calma é fácil projetar que menos pessoas empregadas, significam menos compradores, conseqüentemente desacelerando ainda mais a economia e também por conseqüência diminuindo ainda mais os lucros corporativos e realimentando a necessidade de novas demissões e por tabela realimentando este ciclo negativo. Obviamente o presidente está mais preocupado com as repercussões destes fatos nas eleições que se aproximam, porém mesmo assim apoio a idéia, já que o fim é nobre e os recursos da União devem ser sempre utilizados para o bem público.

~ por Luis Albuquerque em Janeiro 15, 2009.

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